As primeiras revistas de RPG do Brasil...

Sob o nome de "Dragon", este foi a primeira edição da revista Dragão Brasil.

Hoje em dia, principalmente graças a internet, o RPG de mesa está bem difundido em nosso país, bem como um mercado aquecido, que traz muitos jogos para o público. Nós mesmos até aqui já produzimos nossos títulos, como RPG Bíblico e também Yoshiro RPG, até o momento.

No entanto, para quem viveu a experiência do hobby nos anos 90 (a famosa geração Xerox) bem como também nos meados dos anos 2000, as revistas de RPG eram comuns para não apenas ensinar o hobby, como também conhecer as novidades e lançamentos, já que não havia internet como temos hoje. Gostaria de falar um pouco sobre as primeiras revistas de RPG no Brasil, que foram importantes para difundir o nosso querido hobby.

E como surgiram as revistas de RPG?!

Com o lançamento da primeira edição de Dungeons & Dragons, Gary Gygax e sua empresa TSR começaram a não apenas produzir pilhas e pilhas de livros com novos suplementos e outros materiais adicionais para D&D, como também lançar uma revista mensal chamada Dragon Magazine, em Junho de 1976, a ser totalmente dedicada ao Dungeons & Dragons, que foi o primeiro RPG do mundo.

As primeiras revistas de RPG publicadas no Brasil

A idéia de ter uma revista própria de RPG aqui no Brasil surgiu com Marcelo Cassaro, autor de diversos RPGs populares nos anos 1990. No início de tudo, ele publicou a revista Dragon nº1 em 1994. O problema todo é que o nome de revista "Dragon" pertencia comercialmente à TSR, o que obrigou o escritor a trocar de nome para "Dragão Brasil". Ele chegou a enfrentar uma certa pressão por parte da Abril Jovem, editora detentora dos direitos de Advanced Dungeons & Dragons (RPG da TSR) na época, mas no fim, tudo deu certo. Mesmo com receio de não conseguir publicar mais a Dragão Brasil, até pela similaridade com o nome da "Dragon Magazine", ele criou uma outra revista, conhecida como SÓ AVENTURAS, que seria uma espécie de "plano B".

A Dragão Brasil foi a revista mais bem sucedida no Brasil, tendo mais de 100 números em quase 10 anos de publicação interrupta. A revista foi responsável pelos sistemas Defensores de Tóquio, 3D&T e também na tradução de Street Fighter - O Jogo de RPG. Além disso, surgiram na sua revista os cenários de Tormenta, Invasão e Clube de Caça, como também os RPGs Arkanun e Trevas, que começaram como um livro fanzine, para depois se tornarem um dos RPGs brasileiros mais conhecidos.

O sucesso da Dragão Brasil fez surgir outras revistas...

Logicamente, muitos tentaram beber da mesma fonte que a Dragão Brasil. Revistas como Arkham, The Universe of RPG, Grimorium, também foram publicados, mas não duraram tanto tempo como a Dragão Brasil. Além disso, até mesmo uma versão brasileira oficial da Dragon Magazine veio para cá, publicado oficialmente pela Abril Jovem. Havia também uma revista conhecida como Dragão Dourado, que muitos dizem ser a primeira revista de RPG do Brasil.

Com o encerramento da equipe inicial da Dragão Brasil depois do número 100, a revista passou por algumas mudanças até ser editada pela RedeRPG, um dos sites mais populares do hobby no início dos anos 2000. A mudança não agradou os leitores, já que a RedeRPG começou a mudar o tom da revista como todos conheciam, e não demorou muito para a Dragão Brasil acabar. Neste meio tempo, os antigos editores da Dragão Brasil criaram uma nova revista, chamada Dragon Slayer, que seria focada mais no sistema d20. A Dragon Slayer foi uma aposta da Editora Mantícora, e já tinha antes publicado (sem sucesso) a d20 Saga, uma revista também para o sistema d20 do Dungeons & Dragons 3.5, que não teve muitos números.

Com a internet tomando conta de tudo, alguns editores já estavam parando de vender revistas impressas para apostar no mercado digital. Remando contra a maré, a Editora Daemon lançou em 2007 a RPG Magazine, com diagramação ruim, toda em preto e branco e também, ironicamente, baseada no sistema d20. Só teve um único número e nunca mais foi publicada em versão impressa.

Foi nesse tempo que muitas outras revistas gratuitas de RPG foram criadas, mas que não citarei aqui para não esquecer de citar ninguém. Entendendo esse mercado, a Dragão Brasil chegou a retornar com publicações, mas agora voltadas apenas para o mercado digital, com os novos números da revista em formato .pdf para quem é assinante.

Acho que todas as revistas colaboraram (e muito!) para o desenvolvimento do mundo do RPG aqui no Brasil. Espero que tenham gostado dessa matéria. Acho que há muito a explorar sobre esse assunto, mas não quis me estender muito.

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